sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

BIKEc.r.i.c.a.: ALDREU - ÓBIDOS

Mas a Bikec.r.i.c.a. não pára de surpreender, depois das Aventuras relatadas já bem loucas para nós amadores das Bicicletas, eis que surge outra expedição: a mais louca corrida de sempre... O objectivo agora era efectuar Aldreu - Óbidos, num percurso de mais de 310 Km de estrada, tudo isto num só dia. Sim ouviram bem, ou melhor leram bem: 310 km em cima da Bike em um só dia... Ora bem este tipo de prova é só para os BIKEcriqueiros mais rijos, mais duros de roer e é assim que surgem os três Magníficos: Carlos, Tufinhas e Zezinho, dispostos a tudo para levar avante mais esta longa expedição, e levar cada vez mais longe o nome, a marca e a ideologia BIKEc.r.i.c.a. É assim que no dia 07/07/2007, (Dia da apresentação das novas 7 maravilhas), os três magníficos partem de Aldreu às 4:30 da madrugada. Mas esta aventura revelou-se cheia de peripécias e contratempos. Logo à partida o Carlos chega ao Souto (local de partida das nossas expedições), já com a bicicleta furada, bonito serviço. Mas a intervenção rápida do nosso mecânico de serviço, o Tufinhas, que troca uma câmara de ar da bike mais rápido que uma troca de pneus da Ferrari ( o Tufinhas tem muita experiência em furos) ...e rapidamente estava tudo apto para a nossa dura prova. Mas ainda não tínhamos chegado ao Porto e já o Carlos Coutinho nos apresenta outro furo, agora na roda de trás, também rapidamente resolvida pela nossa equipa técnica cada vez com mais experiência nesta cena dos furos...(só que estávamos a perder tempo que se ia tornar precioso).

Fomos a partir daí pedalando a bom ritmo, tudo correndo bem até à hora do almoço. Mas a partir daqui as coisas complicaram-se um pouco... O Zezinho (eu mesmo) começou a sentir um ligeiro desconforto abdominal, que mais tarde se iria tornar uma verdadeira turbulência intestinal com direito a fogo de artificio, por outro lado o Tufinhas ia rebentando mas era com as câmaras de ar, mais um furo. Já com o stock de câmaras de ar em baixo resolvemos reparar o furo com liquido tapa-furos cor esverdeada, foi um verdadeiro sucesso espalhamos o liquido verde pelo passeio junto à entrada de um restaurante e o pneu continuava vazio. Por outro lado o Zezinho esvaziava por completo os intestinos no W.C. do restaurante, nesta altura já tinha tomado para aí 6 pastilhas reparadoras da flora intestinal e anti-diarreicos, mas nada o segurava. Entretanto, Tufinhas deitava fumo pelas orelhas e tinha que trocar mais uma câmara de ar para resolver mais um furo.

Já bastante desmotivados, lá fomos seguindo viagem pedalando, mas agora com pouco ânimo, com excepção do Carlos, que sabendo que estava na hora do almoço pedalava com firmeza para encontrar um local para abastecer o corpinho. Cerca de 10 Km depois já estávamos sentados à mesa, para restabelecer as forças e alimentar o corpo, mas o que se passou foi que enquanto o Tufinhas e o Carlos se entregavam às delícias da mesa e à simpatia da empregada de mesa, eu entregava-me à fria sanita do W.C. do distinto restaurante. E nem mais 4 ou 5 pastilhas evitaram o meu pior receio - desidratação, e ao mesmo tempo ser apelidado pelos parceiros de viagem de "forriqueira" (uma gajo pensa que tem amigos...). Bem os únicos alimentos que consegui conservar foi: Pequenas quantidades de água e um pouco de arroz branquinho... Tínhamos que recomeçar a viagem, e eu sentia-me péssimo, acordamos entre nós que eu iria à frente com o ritmo que conseguisse aguentar. Foram sem dúvida os momentos mais difíceis e de maior Sofrimento que alguma vez senti em cima da Bike... Pensei em desistir mas não poderia ser responsável pelo abortar desta Aventura BIKEcrica. Foram Horas e muitos km de total sofrimento mas um BIKEcrica nunca desiste. Com o apoio e o gozo constante dos camaradas de viagem, lá fomos pedalando rumo ao nosso destino mas com uma média um pouco abaixo do desejado.

À medida que o tempo e os Km iam passando fui melhorando e tolerando os pequenos reforços alimentares até ficar bem melhor, ao ponto de Alguém exclamar o "forriqueira, já está bom, já se ri..." e a partir de aí fomos melhorando o nosso ritmo... até chegarmos à Marinha Grande. 19:00, 255 km efectuados - Marinha Grande: paramos para lanchar e eu desforrei-me de toda a fome que tinha passado, fiquei restabelecido. Foi então que ao perguntar a melhor direcção para continuar viagem um cidadão local nos indicou muito bem o caminho a tomar, mas teve a infeliz ideia de afirmar que faltariam cerca de 75 km para Óbidos, (nós pensávamos que faltariam 50/55 km), que grande golpe...assim só chegaríamos lá para as 22h, nós os três juramos (ver foto) nunca mais nos meter-mos noutra Aventura destas..

Depois de recompostos mas ainda em baixo, fomos seguindo viagem inicialmente a baixo ritmo, mas depois com o Tufinhas a conduzir as operações pedalamos a um ritmo louco sempre acima dos 30 km/h, e o velhote (Carlos) nunca vacilou sempre a acompanhar este ritmo até chegarmos a Nazaré.

Depois de algumas fotos e recuperarmos o fôlego lá fomos seguindo a pedalar, mas agora já muito cansados e desgastados, e desmotivados pelos Km que ainda faltariam. No entanto quando visualiza-mos uma placa com indicação "Caldas da Rainha 9 km", percebemos que afinal nós estávamos certos na distância que faltaria para chegar. Ao sentirmos que estávamos bem mais perto de Óbidos do que o Cidadão da Marinha Grande nos havia dito, tudo mudou e uma força mental ou até sobrenatural se apoderou de nós, estávamos completamente possuídos e cheios de pedal que até levantava paralelo...Pedalando com tal violência, que nem me lembra de como é Caldas da Rainha, tal a velocidade como a atravessamos rumo a Óbidos. E era eu, Zezinho, sim eu o "Forriqueira" que tomava a dianteira e marcava este ritmo alucinante rumo a Óbidos. Pouco tempo depois já localizávamos as muralhas da nosso objectivo e as forças cada vez eram maiores, parece que tínhamos acabado de montar as nossas Bicicletas e preparados para fazer 100km sem parar...

Às 21:00 estávamos em Óbidos, nem parecia verdade depois de tantos Km (310), e tantas dificuldades, e nós ainda com tanta energia, uma enorme sensação de conquista e de bem estar... Óbidos estava linda, nesse dia especialmente, já caíra a noite e envolta numa luz que nos leva a imaginar outro tempo, a nossa história, outras aventuras...(nessa mesma noite, Óbidos seria nomeada um das 7 maravilhas de Portugal), para nós também o é certamente... Por tudo isto, esta foi sem dúvida a mais louca corrida de sempre dos BIKEcrica.

4 comentários:

Anónimo disse...

Todos os passeios foram fantásticos este teve duplo efeito ser o nosso record e tudo o que se passou nesta viagem de loucos aventureiros. Não quero deixar de comentar de muitas passagens engraçadas a do nosso criqueiro Zezinho que a determinada altura ficou amarelo detectou que tinha com ele uma trovoada intestinal que o tromentava de tal maneira que já queria tirar o assento da bicicleta e assentar-se no ferro pois era a única maneira de segurar a tal furriqueira que o estava a enfraqueçer. Depois de muito apoio anímico e psicologico recuperou e ninguém o parou até ao fim da viagem. O nosso criqueiro o Tufinhas que trata por tú qualquer avaria de bike levou com ele um spray verde "tapa furos" que quando o aplicou num dos furos " habituais dele" pintou a rua que já perecia o estádio do Sporting e a bicicleta continuou furada. Foi uma viagem muito divertida e aconselho a toda a gente que se divirta com uma bicicleta. Um grande abraço.

tufinhas disse...

OI CAMBADA
Venho por este meio justificar o falhanço do tapa furos.
O que aconteceu foi o seguinte:
Devido ao prolongado percurso o precioso liquido tapa furos não resultou por ter sofrido da mesma doença que sofreu o ZÉZINHO nos intestinos ou seja ficou de forriqeira e assim não foi possivel tapar o furo por estar muito liquido.
Por isso eu como encarregado da equipa mecánica estou desculpado porque a doença aparece em qualquer altura.
ATÉ Á PROXIMA VELHOTES.

tufinhas disse...

Vou aproveitar este espaço para felicitar o criqeiro ZÉZINHO pelo grande esforço que fez para que esta aventura chegasse ao destino, depois de todos os maus bocados que passou, a força de vontade que ele demonstrou para concluir este objectivo é a demonstração da verdadeira garra dos BIKECRICA.

BIKEcricas disse...

É verdade que passei um mau bocado durante uma boa parte do nosso percurso, mas conseguimos superar as dificuldades porque funcionamos como uma verdadeira equipa, um grupo unido de amigos que se apoiaram e motivaram uns aos outros - e este é o Espírito e a forma de estar dos BIKEcrica.
Se não fosse todo o apoio e a boa disposição do Carlos e do Tufinhas, não teria chegado a Óbidos...

Acho que para fazer este tipo de prova é certamente necessário muitas horas e Quilómetros em cima da Bicicleta, mas é também muito importante capacidade de sofrimento, resistência mental e é por isso que o grupo é tão importante, para proteger, apoiar, defender e divertir os seus elementos - Um Por Todos e Todos Por Um...
Um abraço a todos os elementos da BIKEcrica